terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Miguel Falabella faz uma balanço de como foi escrever Negocio da China


*’FOI UM PRAZER ESCREVER, NÃO DOEU’



A pouco mais de um mês do último capítulo, a novela das 18h não foiexatamente um negócio da China para Globo em termos de audiência: seusíndices oscilam em torno dos 18 pontos, um número abaixo do esperado. Mas oautor de “Negócio da China”, Miguel Falabella, acha que, entre erros eacertos, valeu. Por vários motivos, como trabalhar com amigos e muita gentetalentosa. Outro ponto positivo, alega, é ter descoberto Grazi Massafera,que hoje aponta como “uma atriz fenomenal”.
Por outro lado, Falabella admite que prefere não escrever mais para a faixadas 18h, cujo público considera “uma incógnita”. A novela sofreu ainda com asaída de Fábio Assunção, que se afastou do trabalho para cuidar da saúde.Thiago Lacerda chegou a ser anunciado para entrar na história, mas issotambém acabou não acontecendo. No entanto, noves fora, e sempre com a suainabalável animação, Falabella, que reuniu no folhetim alguns emblemas dotempo atual, como a moderna tecnologia e a diversidade cultural, conclui:
— “Negócio da China’” é um dos meus bisões, uma marca pessoal que eu estoudeixando na parede.
A seguir, a conversa que ele teve com o GLOBO.
O GLOBO: A que ponto a saída de Fábio Assunção de “Negócio da China”, aindano início da novela, desestabilizou o projeto?
MIGUEL FALABELLA: Foi sem dúvida um golpe grande. Nunca tive dúvidas de queele é um ator espetacular, um dos melhores de sua geração. Mas se eucomeçasse tudo de novo, também teria construído o personagem do mocinho deoutra maneira. Teria atribuído ao Heitor encantos que deliberadamente nãodei. Quis fazer dele um homem comum, mas a telespectadora, anos depois doadvento do feminismo, ainda sonha com o príncipe encantado. Está no DNAfeminino. Elas não querem ver o homem comum na TV. Heitor ficou pobre e semambição. Mas não foi só isso que atrapalhou. Quando “Negócio da China”estava no ar havia apenas duas semanas, o caso Eloá parou o Brasil. Só sefalava naquilo, prejudicou a novela. Foram fatalidades.
O GLOBO: Quais foram, afinal, as razões pelas quais Thiago Lacerda nãoentrou na história mesmo depois de anunciado pela Globo?
FALABELLA: Pensou-se nele para que entrasse um grande galã para ficar com amocinha e formar um triângulo. Mas isso foi antes de as pesquisas indicaremque o par formado por Ricardo Pereira e Grazi estava agradando tanto. Thiagoestava reservado para outra novela na emissora. Achamos que não seria maisnecessário criar tanto transtorno.
O GLOBO: Você declarou que nunca mais quer escrever para as 18h. Por quê?
FALABELLA: Essa novela era inicialmente para as 19h. Mas a Globo quiscolocar às 18h, e eu não achei que o humor mais ácido, típico do meutrabalho, era para esse horário. A audiência é medida em São Paulo, e agente sabe que entre 18h e 20h, as ruas da cidade estão cheias, ainda maiscom esse calor. Nem sei em que apostar para essa faixa, acho que é uma totalaventura.
O GLOBO: Mas qual foi a tua aposta?
FALABELLA: Naveguei em outras águas, visitei praias que não eram as minhas.Não pude trabalhar a minha assinatura. Eu gostaria de ter váriasassinaturas, mas estou muito ligado ao humor e a TV esquematiza. Tentei umasutileza no perfil dos personagens, mas descobri que o público não quersutileza. As pessoas querem um galã evidente, um vilão segurando umatabuleta onde está escrito “vilão”. E por aí vai. Se a gente não diz de carao que cada um é, o público estranha. Veja o exemplo de João EmanuelCarneiro, com “A favorita”. Ele armou uma história tão interessante, em quea brincadeira era não saber logo quem era bom, quem era mau. E penou com aaudiência.
O GLOBO: Quais foram as boas surpresas?
FALABELLA: Grazi foi a principal. Ela está fazendo lindamente seu trabalho,a cada dia melhor. Dei a mão à palmatória, pode escrever: ela vai ser umagrande estrela. E um dia, com calma, quero iniciá-la no teatro, escreverespecialmente para ela. Mas tive várias outras alegrias nesse trabalho, comoMaria Gladys; Débora Olivieri; Leona Cavalli, que é um luxo; os portugueses,que eu amo; Eliana Rocha, com quem eu sempre quis trabalhar. E muitos amigosqueridos. Foi um prazer escrever, não doeu, empregou um monte de gente.Adoro empreender. A vida não é só sucesso. Há os fracassos também, é assimmesmo. Foi uma experiência rica, aprendi muito. Acho que foi conturbado sim,mas valeu. Honestamente, não fiquei mal, ou deprimido. Não acerto sempre,mas sei que o que crio tem um nível. Pode não agradar, mas não fico comvergonha, e os atores fazem com dignidade. Meus diálogos são bons pracacete. Não faço naturalismo, faço realismo. E bem. E ando para a frente.Não fico parado me lamentando. São meus bisões na parede, minha assinaturaque estou deixando para a posteridade. Escrevi a novela com muita alegria. Edigo mais: a vida é um pêndulo. E é até bom que ele vá um pouco para o ladooposto do lado do sucesso: esvazia um pouco a energia dos invejosos. E ajudaem projetos futuros.
Falando em projetos futuros, quais são eles, além de “Toma lá, dá cá”, quevolta em abril?
FALABELLA: Tenho mil ideias. Pretendo criar um seriado sobre a vida deartista, os tapetes vermelhos, o glamour. É a história de uma mulher queherdou da família uma revista intitulada “A vida dos outros”, uma publicaçãode celebridades que persegue os furos. Vai ser muito engraçado. Mas, nestemomento, não posso pensar em mais nada. Vou dirigir “Hairspray” no teatro,com Edson Celulari. E vou atuar com Diogo Vilela em “A gaiola das loucas”.Tem o fim da novela (dia 13 de março). E tem “Toma lá, dá cá”. E repito:valeu.

FONTE:TV Foco

Nenhum comentário:

Postar um comentário